A conversão de um satanista

A conversão de um satanista: de escravo do demônio a ministro de Deus
Pe. Jean-Christophe Thibaut
Pe. Jean-Christophe Thibaut

Apresentamos a seguir o relato da conversão de um satanista. Uma ação maravilhosa da graça divina, que trouxe, desde os antros de adoração ao demônio, um filho para a Santa Igreja. Mais do que isso, um sacerdote!

O padre Jean-Christophe Thibaut, da diocese de Metz, é um sacerdote francês com uma longa trajetória.

Filho de pais ateus e profundamente marxistas, desde criança começou a se enamorar do esoterismo e do ocultismo. Até que, na adolescência e juventude, introduziu-se completamente no satanismo e na magia negra.

Com um profundo espírito anticatólico, tentou arrebatar da fé um companheiro crente, mas acabou sendo a ‘vítima’ de uma conversão relâmpago que transformou sua vida.

Das garras do demônio passou às mãos de Deus, de forma tão completa que acabaria se tornando sacerdote.

Atualmente, o Pe. Thibaut se dedica entre outras coisas a dar atendimento espiritual a jovens, a quem também ajuda com sua experiência e seu conhecimento do mal que pode provocar o esoterismo. Além disso, é escritor de várias novelas fantásticas, sob o pseudônimo de Michael Dor.

A conversão de um satanista

Ouçamos seu testemunho:

“Cresci em uma família de professores ateus e simpatizantes do comunismo.

Meu pai era professor de inglês, marxista-leninista; minha mãe, pintora e professora de arte, era maoísta.

Sem embargo, nasci em uma maternidade católica em Lille, em 1960, porque ficava perto de casa. E me batizaram desde logo, como era habitual”, recorda sobre sua infância.

Seus pais eram idealistas e marxistas convictos. Seu catecismo já não foi o da Igreja, mas lhe faziam aprender de memória a doutrina comunista. E assim foi crescendo.

Em seu lar, tinha um grande pôster de Che Guevara e outro com um punho cerrado, em que se lia: “O povo unido jamais será vencido”.

Em 1965, seus pais queriam reconquistar a terra, e partiram para uma fazenda no meio do campo, sem água potável nem calefação. Ali experimentou uma profunda solidão, e chegaram a ter que levá-lo a um psiquiatra.

Maio de 68 e sua iniciação no ocultismo

Entretanto, chegou Maio de 68, e seus pais enlouqueceram com a ‘revolução’.

“Enquanto meus pais protestavam e levantavam barricadas, eu lia, pois a biblioteca deles era muito vasta.

Fazia a mim mesmo perguntas existenciais, porque, se Deus não existia, e era apenas uma projeção do inconsciente do homem, segundo diziam meus pais, e a religião era o ópio do povo, eu tinha que encontrar respostas em outro lugar”, relata em seu testemunho.

Foi este o momento em que o pequeno Jean-Christophe Thibaut começou, ainda criança, a aproximar-se das ciências ocultas. Começou com a adivinhação com pêndulo através da radiestesia.

Daí passou à metempsicose, segundo a qual a alma pode estar em vários seres, e daquela para a hipnose, para voltar a vidas passadas.

Sem se dar conta, estava se introduzindo por caminhos perigosos. Junto com um amigo, começaram a se hipnotizar um ao outro, chamando os espíritos. E estes responderam.

“Os espíritos nos atravessaram, e surgiram poderes. Estávamos divididos entre o medo e a fascinação”, reconhece.

Do fascínio ao medo

Um dia, entretanto, seu amigo começou a falar com voz de adulto. Jean-Christophe gravou e, ao reproduzir, ficou pálido. Essa voz dizia: “qualquer que seja meu nome…” – o que, segundo este sacerdote, é uma assinatura típica do diabo.

Assim se foram introduzindo na magia.

“Entregamo-nos a seu poder, quando, pela voz de meu amigo, com os olhos fechados e na escuridão do quarto, adivinhou as palavras que eu tinha escrito em uma folha de papel colocada em um envelope fechado”, recorda.

Já com 18 anos, esses espíritos malignos lhes disseram que deviam fazer uma viagem.

“Iríamos e voltaríamos no durante o dia, apenas tínhamos que levantar o polegar para que um carro parasse e nos pegasse. Por ordem deles, profanamos uma capela.

Que o Senhor me perdoe! Estas recordações até hoje me despertam durante a noite”, afirma o agora sacerdote.

Escravo dos espíritos malignos

Depois de concluir o ensino médio, Jean-Christophe Thibaut pretendia estudar Literatura, mas afirma que os espíritos “exigiram que eu me matriculasse em Psicologia”. “É parte de um plano”, explicaram. E obedeceu.

“Quando te introduzes na espiral do espiritismo, ela te atravessa por inteiro. Por isso, digo aos jovens: ‘não a toques nunca!’.

Os espíritos se tornam tirânicos até nos menores detalhes de tua existência, até o ponto de proibir-te, por exemplo, de cruzar uma linha branca na rua”, reforça o religioso.

‘Apóstolo’ do comunismo

Já na universidade, uniu-se à Liga Comunista Revolucionária, porque, no plano da sua vida, a destruição era necessária também no âmbito político-social. Seu fanatismo chegou a tal ponto, que foi expulso até mesmo dessa organização extremista.

Contudo, justo nesse momento estava cumprindo um encargo muito especial, e que ele acatou com gosto.

A sala ocupada por aquela organização comunista ficava bem encima da capela católica.

“Isso nos irritava especialmente porque havia mais gente entre os católicos que entre os nossos. Como eu queria lutar, o chefe me ordenou ‘destruir o católico’, mas com delicadeza, por infiltração…”.

Depois de estudar seus inimigos católicos, elaborou o plano. Entre eles havia um antigo colega de escola, chamado Christophe. Ele se faria passar por alguém que está em busca de um caminho e, uma vez em contato com o católico, arrancar-lhe-ia a fé.

“Aquele rapaz tinha (acreditava eu) um defeito que eu conhecia: seu pai tinha morrido em um acidente de automóvel alguns anos antes.

Seria fácil para mim ataca-lo nesse ponto: “Dizes que Deus é bom quando ele matou seu pai?”.

Se Christophe perdesse a fé, todo o grupo a perderia. Seria um trabalho rápido: esse Deus que se faz homem é bom para os idiotas e para as velhas que precisam tranquilizar-se antes de morrer. Não será difícil fazê-lo cambalear”, explica.

Assim se fez tal contato. Um encontro semanal de algo mais que meia hora com o colega. Depois de afiar todos os seus argumentos anticatólicos, lançava-se contra ele. Porém, a cada dia, depois do debate, o jovem católico lhe respondia: “Sinto muito, ainda tenho fé”. E isso o irritava.

Uma conversão fulminante

Seguindo o plano de acabar com o inimigo, terminou indo a um acampamento, porque, como dito, se fazia passar por alguém ‘a caminho’.

Naquele acampamento, conseguia escapar dos momentos de oração e da missa. Porém, em 17 de julho de 1979, data que nunca esquecerá, algo se passou em seu interior.

“Não sei exatamente por que, mas acabei ficando para a oração da tarde.

Já de noite, às 22:30hs, lembro-me de ter pensado: ‘estou cansado de ser dominado pelos espíritos!’. E depois: ‘há algo belo, e que transmite paz, nestes cristãos’. E de repente me pus de joelhos.

Essa brecha em meu muro interior foi sem dúvida suficiente para o Espírito Santo, que logo se precipitou por ela. Fiquei duas horas ajoelhado!

Quando me levantei, era um crente, um católico, cria em tudo o que a Igreja professa, e meu coração transbordava de alegria!’, confessa, em seu impressionante testemunho.

O próprio Pe. Thibaut assegura que sua conversão foi “tão brutal como o caminho a Damasco” de São Paulo, “mas o resto tardaria um pouco mais. De fato, explica que teve que “descobrir a Igreja, de A até Z”:

“Não sabia sequer fazer o sinal da Cruz! Também precisei quebrar certos hábitos mentais, como por exemplo deixar de buscar mensagens secretas no Evangelho…

Finalmente, devia renunciar claramente aos poderes mágicos. Desfiz-me de todos os livros de magia e objetos relacionados com as práticas esotéricas”.

Além disso, acorreu ao sacramento da confissão, “muito eficaz contra as ataduras”. “Satanás não gosta que lhe escape uma alma que ele prendeu a si, por isso faz o possível para recuperá-la jogando com suas debilidades”.

Esse sacerdote recomenda “colocarmo-nos nos braços de Cristo – nos sacramentos de sua Igreja – e estar acompanhado por um sacerdote familiarizado com esse tipo de práticas”.

De satanista a cristão convicto

Finalmente, Jean-Christophe fez a primeira comunhão aos 24 anos e a confirmação aos 28.

Enquanto tudo isso se produzia, mudou-se com a família para a cidade de Metz e matriculou-se em segredo na faculdade de Teologia.

Levava uma vida dúplice, pois seus pais eram comunistas e profundamente anticatólicos. Dizia que ia ao cinema quando na realidade ia para a missa. Até que confessou tudo e lhes disse: “Sou cristão, faço teologia e escolhi a Cristo para sempre”.

A resposta de seus pais foi cheia de desprezo, além do que deixaram de pagar seus estudos. Ele, porém, passou a trabalhar para continuar o curso de Teologia.

O antigo satanista agora andava para todo lado com a Bíblia na mão!

“Queres ser sacerdote?”

A pergunta chave não tardou em chegar: “Não queres ser sacerdote?”. “Não”, respondia sempre, resistindo a um chamado que sentiu durante cinco ou seis anos.

Finalmente, sua vocação se impôs. Antes de entrar no seminário, entretanto, contou ao bispo todo o seu passado, sem ocultar nada, inclusive a profanação da capela.

E foi assim que, depois de estudar vários anos em Roma, foi ordenado sacerdote em 1992.

Desde então, vem sendo um autêntico ciclone da evangelização, especialmente entre os mais jovens, sabendo o quão vulneráveis podem ser nesse momento e a ajuda de que necessitam para vencer a tentação.

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